Marcos Caruso, amigo e dupla constante da atriz e dramaturga Jandira Martini (1945-2024), com quem escreveu inúmeras peças e roteiros de audiovisual, dirige sua recente parceira na novela “Elas Por Elas” – Isabel Teixeira, um dos nomes mais importantes do teatro paulistano, com 40 anos de carreira e vários prêmios, entre eles APCA, APETESP e dois Shell.

JANDIRA – em busca do bonde perdido marca um encontro de almas: Marcos Caruso é convidado pela Mesa 2 para dirigir o texto de Martini, dramaturga com quem trabalhou por uma vida inteira escrevendo para o teatro e a TV. Isabel Teixeira, um dos nomes mais importantes do teatro paulistano, integra o elenco de “Elas Por Elas” ao lado de Caruso e funda com ele uma sólida amizade, nascida das afinidades artísticas. O caminho estava desenhado – foi só trilhar. Inspirada em sua própria jornada pessoal e dedicação ao teatro, a atriz e dramaturga Jandira Martini (falecida em janeiro deste ano) escreveu seu último texto. E é ela própria quem define: Um monólogo sobre uma situação imprevista, surpreendente. Uma atriz que se revela, diante de seu público, ao narrar, com humor, sua inesperada e assustadora experiência. Auto ficção? Sem dúvida. Um stand-up? Seria, se fosse cômico. E cômico não chega a ser. Nem trágico. Apenas dramático.

A peça, que estreou em 09 de agosto no Teatro das Artes- Shopping da Gávea -, convida o público a um passeio pelas memórias mais marcantes da autora através de um texto direto, enxuto e coloquial, evocando os blocos carnavalescos da cidade de Santos –  sua terra natal -, as descobertas da infância, momentos dramáticos, a vida dedicada ao teatro. Uma corajosa exposição. Uma improvável abertura de sentimentos de uma das pessoas mais fechadas que conheci. Uma peça que fala de uma dor de todos nós, com um grau elevado de bom humor e poesia. O convite da Mesa 2 e dos filhos de Jandira Martini me permite continuar ao lado dela num ciclo iniciado em 1984 que resultou em muitas peças de teatro, roteiros de cinema, novelas e séries para TV. Uma escrita vitoriosa. Um grande acerto foi convidar Bel Teixeira. Bel respira e transpira Teatro. Bel é Jandira., celebra Marcos Caruso, diretor. 

Em seus momentos mais difíceis, a personagem/narradora busca socorro nas palavras e pensamentos de Molière, Machado de Assis, Oscar Wilde, Shakespeare e outros deuses da escrita, sua grande paixão. Um diagnóstico inesperado desencadeia o maior dos dramas humanos, que a todos iguala: a tomada de consciência da finitude, da fragilidade humana e do inevitável confronto com a morte. Mas, se o tema é transitoriedade e vulnerabilidade, para além disso há uma narrativa de paixão pelo próprio ofício, pelas pessoas, vivências e, sobretudo, uma declaração de amor à vida. 

Nas palavras do próprio diretor: Concebi um espetáculo onde o absolutamente imprescindível e o essencialmente necessário estarão em cena. Essa foi a maneira que encontrei de honrar Jandira e, assim, poder continuar escrevendo com ela, para que, este ano, possamos completar nossos 40 anos de parceria. 

Fotografia Flora Negri

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *