Lugar para guardar animais reúne cinco intérpretes que corporificam um estado de potência bruta, evocada por individualidades e coletividades, experimentando disputas, ataques e parcerias.  Nesta arena movediça, a boca quer vocalizar os sons guardados no grave profundo do corpo, enquanto a pele intensifica-se como superfície profundamente vulnerável.

Reconhecido pelo trabalho de pesquisa em dança nas ruas da cidade, o Grupo Sats volta ao espaço cênico com o espetáculo Lugar para guardar animais, reafirmando o palco como campo fértil que incita as mais diversas potências inventivas do corpo em condição de experimento. O espetáculo fará curta temporada no Rio de Janeiro de 15 a 24 de setembro, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá; e de 29 de setembro a 1º de outubro, no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, na Tijuca. Todas as apresentações serão gratuitas e terão o recurso de audiodescrição em toda a temporada.

Além das apresentações, serão oferecidas três oficinas gratuitas para profissionais e estudantes de dança, dias 16, 23 e 30 de setembro, das 10h às 13h. Este projeto recebe o fomento da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA.

Idealizado por Rodrigo Gondim (que assina a direção) e por Deisi Margarida (que está em cena ao lado de Flora Bulcão, Juliana Angelo, Milena Codeço e Mika Makino), o trabalho procura ainda integrar espectador e espaço cênico como duas forças catalisadoras na proposição de um cenário imersivo. A peça acontece em uma instalação, com estrutura sonora e de luz que coloca o público como parte desse coliseu.

O espetáculo traz em sua raiz coreográfica uma tentativa de desarticular formas e estruturas convencionais restritivas que tendem a formatar o corpo em dança como superfície de códigos anteriores, explica Deisi. Esse é o princípio norteador da pesquisa: nos aproximarmos dos laços que conectam nossa animalidade sensitiva, atrelando-nos ao momento presente, mobilizando condições relacionais coletivas, completa Gondim.

As inscrições para as três edições da oficina Poética Bruta devem ser realizadas por meio de formulário disponibilizado no site da companhia www.gruposats.com

Lugar para guardar animais é uma pesquisa movediça, um território fértil para a invenção. Nesse espaço inventado, artificial e azul, tudo colide. Os corpos penetram as superfícies e são sugados por elas. Cada mudança deixa marcas no chão de modo fabuloso e temporário. Há sempre um embate com o equilíbrio que fracassa ao estabilizar a verticalidade. O espaço é circular, de modo que não haja uma visão privilegiada.

Fotografia Igor Keller

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