Hoje é dia de estreia da Revista PROGRAMA Portugal no Brasil. Dia 07 de julho de 2023. Dia de festa. Dia à se evocar o nosso Deus da mitologia grega Dionísio, Deus do vinho, Deus da natureza, Deus das festividades, Deus da fecundidade, Deus da alegria. Deus do teatro. Na mitologia romana, Deus da Libido, o Deus Baco!

Um dia muito significativo para mim, que me lanço, junto com uma equipe de notáveis, para empreender no momento presente uma revista cultural, fruto de emoção pura, e do mais puro e genuíno amor ao teatro. Projeto este, alimentado exclusivamente pelo fogo e pela paixão de nossa arte. Com tudo isso, é muito emblemático que esse dia de estreia seja o dia em que um dos maiores mitos do nosso teatro mundial encerre o seu ciclo aqui na terra, de uma maneira trágica, queimado pelo fogo, e que ao fogo volte, para se tornar cinzas. Do fogo ao fogo.  

Quero ofertar esse primeiro dia de publicação da Revista PROGRAMA, à essa figura divina, genial, irreverente, transgressora, libertária, avassaladora, chamada Zé Celso Martinez Corrêa. O símbolo supremo e originário de onde tudo começou. De onde tudo surgiu: do teatro grego e da comédia!  

Durante todos esses anos da minha vida, em que eu pude acompanhar o Zé Celso em suas montagens, elas representavam apenas uma das partículas do seu todo! Ele, em si, era absolutamente maior do que toda a sua obra. Ele já era o próprio espetáculo, a própria representação da arte em seu estado mais visceral, orgânico e emocional!  Ele era o acontecimento, ele criou uma devoção laica em torno de uma divindade que representava, para nós, toda a magia, o mistério e a força da natureza que era estar em cena! O prazer, o êxtase, que era o estado de entrega mais profundo nas origens da humanidade.   

Zé Celso viveu todas as cenas de seu mais completo personagem: ele mesmo! E emprestou ao teatro todas as suas ferramentas, suas facetas, suas múltiplas máscaras, para defender o que há de melhor no mais pungente teatro revolucionário e libertário. Foi uma das pessoas mais coerentes do mundo em defender seus ideais, construídos em sua Companhia Teatro Oficina. Talvez um dos grupos mais antigos do século 20, e um dos mais longevos em todos os tempos. Desde o ano de 1958 Zé Celso existia como Companhia Teatro Oficina, cia esta que jamais abandonou em toda a sua vida; e em 1971 passou a se chamar Oficina Uszyna Uzona. Ele nasceu, viveu e morreu oficina! Sobreviveu ao teatro tradicional, as comédias ligeiras, de costume, as revistas, aos teatros de cias mambembes (de Procópio Ferreira, passando por Dulcina de Moraes, Eva Tudor), aos teatros de grupo como o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), Teatro Experimental do Negro, o Teatro de Arena, o Teatro do Oprimido…

Zé Celso será para sempre inesquecível! Sua história jamais será superada, suas décadas contam sobre a evolução do teatro moderno! Zé Celso será para sempre, como ele mesmo dizia que queria ser: eterno! Evóe, o Monte Olimpo acaba de receber de volta um de seus Deuses mais controversos!!!!! Obrigado por tanto!!!!

Neste primeiro número de homenagem teremos a estreia da crítica de teatro Tania Brandão, que escreve sobre a peça Gargalhada Selvagem de Christopher Durang, e com direção de Guilherme Weber. O crítico Ricardo Schöpke escreve sobre Como posso não ser Montgomery Clift?, espetáculo que celebra os 40 anos de carreira do ator carioca Gustavo Gasparani. A especialista em literatura Benita Prieto escreve sobre o Selo Caminhos de Leitura do Munícipio de Pombal, em Leiria, Portugal. Regina Schöpke apresenta, em sua primeira publicação, um breve artigo sobre o livro do ex-professor de sânscrito e psicanalista Jeffrey Moussaieff Masson, Cães Não Mentem Quando Amam ou Mentir é Coisa de Bicho, mostrando que a mais bela das “relações humanas” é aquela que se dá com um não humano, e que, infelizmente, indo bem fundo nesta amizade interespécie, não fazemos jus e sequer estamos à altura destes que nos dedicam todos os instantes de suas vidas. Apresentamos também a estreia de Mutações, no Teatro Anchieta- Sesc Consolação de São Paulo – que marca o retorno do ator Luis Melo aos palcos deste teatro imortalizado por Antunes Filho, após 21 anos -, e a reestreia do espetáculo para a infância Elefante do ator e cenógrafo Flavio Souza. Fiquem atentos também a Sessão Tijolinho Rio de Janeiro, que irá apresentar as peças em cartaz.

Para enviar material de divulgação para a nossa Revista PROGRAMA, que sai toda a sexta-feira, esse é o nosso e-mail: contato@revistaprograma.pt

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