As artes cênicas brasileiras vêm se despedindo a cada dia de suas grandes damas de nosso teatro, TV e cinema nacional. Infelizmente, no auge de sua carreira, aos 90 anos, e se preparando para receber um prêmio honorário – pelo conjunto de sua obra – no prestigiado Festival de Cinema de Gramado, Léa Garcia é acometida por um infarto e nos deixa órfãos de seu imenso talento, força e militância.

Nesta 7a edição homenageamos Léa Garcia e sua brilhante carreira artística. O início de sua trajetória foi em Orfeu da Conceição (1956), de Vinícius Moraes, sua estreia como atriz, depois de ser insistentemente convencida pelo seu marido Abdias do Nascimento, a estrear como intérprete – Léa queria ser escritora -, foi no emblemático Teatro Experimental do Negro (TEN); que marcou a história do teatro carioca e brasileiro. Apesar de cotada para a personagem Eurídice, Léa se via no papel de Mira e assim foi escalada para tal. Em seguida, Orfeu da Conceição virou o filme Orfeu Negro pelas mãos do diretor francês Marcel Camus. Já no filme, a atriz não viveu nem Eurídice ou Mira, mas sim Serafina. Personagem que lhe valeu simplesmente o segundo lugar na Palma de Ouro em Cannes; deixando Anna Magnani em terceiro lugar. Léa poderia ter despontado daí para uma reluzente carreira no cinema internacional, mas refutou, após um grande elogio e um convite para conversar sobre uma produção americana, protagonizada pelo famoso ator Sidney Poitier.

A sua estreia em televisão foi no Grande Teatro da TV Tupi, na década de 1950. Ingressou na Rede Globo em 1970, quando integrou o elenco de Assim na Terra como no Céu de Dias Gomes. Em seguida atuou em Minha Doce Namorada (1971), de Vicente Sesso, O Homem que Deve Morrer (1971), de Janete Clair, novela que trazia a história de dois casais inter-raciais, novidade à época. Léa Garcia trabalhou também na TV Rio, onde atuou em Os Acorrentados (1968), de Janete Clair. Na Globo, Léa teve a oportunidade de participar do primeiro programa gravado inteiramente em cores no país, Meu Primeiro Baile, Caso Especial exibido em 1972.

Na emissora, atuou também em Os Ossos do Barão (1973), de Janete Cair, Fogo Sobre Terra (1974), A Moreninha (1975), de Marcos Rey; e no maior sucesso de toda a sua carreira, a novela, Escrava Isaura (1976), um fenômeno de audiência no Brasil e que bateu recordes de apresentações em centenas de países de todo o mundo. Léa sempre foi uma atriz muito querida, expressiva, representativa e com uma militância artística muito potente em todos os meios de comunicação. Foi sem dúvida uma das maiores damas de nossa arte brasileira.

Nesta edição apresentamos a crítica de Ricardo Schöpke para o espetáculo Copacabana Palace- O Musical, idealizado por Gustavo Wabner e Sérgio Módena, e escrito e produzido por Ana Velloso e Vera Novello, e que marca a comemoração dos cem anos do majestoso Hotel Copacabana Palace, no próprio Teatro do Copacabana Palace. Apresentamos também a estreia de Pequod- só os bons morrem jovens, novo espetáculo de Mário Bortolotto, que estreia no Teatro Cemitério de Automóveis, em São Paulo. Nesta edição o espetáculo Furacão do Amok Teatro, com direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt, e com atuações diferenciadas de Sirléa Aleixo e Taty Aleixo; entra na Seção Atenção; que indica os melhores espetáculos em cartaz.

Na parte de narração de histórias Benita Prieto apresenta Bia Bedran, que ganha homenagem pelos seus 50 anos de carreira, no projeto Reconto, cada qual no seu Recanto, no Sesc Niterói, dia 22 de agosto, às 15h.

Na parte musical apresentamos o projeto de Nair Cândia que lança o single Cora Coragem, música do maestro Jaime Alem, em homenagem a Cora Coralina, e que estará nas plataformas neste dia 18/08/23.

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