O ator Milhem Cortaz, atualmente brilhando na série “Os Outros”, do Globoplay, comemora os 50 anos de idade com a estreia de seu primeiro monólogo Diário de Um Louco dirigido por Bruce Gomlevsky, no dia 10 de agosto no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro. O projeto foi idealizado pelo produtor Carlos Grun, que retoma a parceria com o ator e o diretor iniciada há onze anos na montagem de “A Volta ao Lar”, de Harold Pinter.

Em formato de um diário, a peça conta a história de um funcionário público e a súbita paixão pela filha do seu chefe, que desencadeia uma série de conflitos com o mundo ao redor, culminando na desestruturação total do seu pensamento. Através do tema da loucura, o conto do escritor russo Nikolai Gogol (1809-1852) lança um olhar sobre as pessoas à margem da sociedade. Nikolai Gogol foi um escritor russo. Sua obra situa-se no estilo do realismo da literatura russa, apesar de alguns trabalhos apresentarem características do surrealismo. Sua principal obra foi “Almas Mortas” – considerada a primeira novela russa moderna. Destacam-se também “Diário de um Louco” e “Nariz”.

Nikolai Vassilievitch Gogol nasceu em Velyki Sorotchintsi, no Império Russo, na região da atual Ucrânia, no dia 31 de março de 1809. Com 19 anos mudou-se para São Petersburgo, onde encontrou um modesto emprego em um escritório ministerial. Desde jovem desejava escrever textos para o teatro. A distância de sua cidade natal lhe inspira suas primeiras obras, Noites na Fazenda de Dikanka (1831), Arabescos (1835) e Mirgorod. A obra Arabescos começa a definir-se um dos principais temas do escritor, o da humilhação da pessoa submetida a uma organização social coercitiva e esmagadora. Em 1835 Gogol resolve abandonar a universidade para se dedicar exclusivamente à literatura. Nesse mesmo ano, publica Diário de Um Louco, que conta uma aventura invulgar vivida por um funcionário atormentado e perdido de amores pela filha do patrão. A obra mistura o real e o fantástico, o normal e o patológico, o razoável e o delírio, a ponto de ver o sofrimento do ser humano a quem a identidade vai se estilhaçando com rapidez e intensidade.

Diário de Um Louco apresenta assim as desventuras do funcionário público Akcenti Ivanovitch, tomado subitamente de paixão pela filha do chefe. Elaborando planos mirabolantes para ser percebido pela moça, de uma classe social mais alta, cria para si um mundo de fantasias que sai de seu controle e acaba por condená-lo ao manicômio. 

A encenação se concentra na fisicalidade do trabalho de Milhem Cortaz – seus recursos vocais e corporais desenham a desintegração mental do personagem. Há tons de surrealismo na subversão do uso dos objetos de cena, que têm suas funções trocadas.

Foi com imensa alegria que recebi o convite do velho amigo e produtor Carlos Grun para dirigir Diário de Um Louco. Um clássico de grande atualidade e pertinência nos dias de hoje. Um instigante desafio. Num momento onde o consumo de medicamentos psiquiátricos banalizou-se, é de suma importância discutir a questão da saúde mental. O clássico de Gogol retrata o processo dramático e gradativo de ‘enlouquecimento’ de Akcenti Ivanovitch, um emblemático funcionário público da classe trabalhadora fadado a ser explorado por toda uma vida. E dirigir Milhem Cortaz é muito gratificante. Um ator de extrema potência, completamente disponível e em sintonia com a minha forma de trabalhar a cena, festeja o diretor.

PRIO, em conjunto com o Banco do Brasil e o Ministério da Cultura, apresenta essa adaptação do conto literário do escritor russo Nikolai Gogol, publicado em 1835, e que acompanha a trajetória de um trabalhador de classe média baixa, um funcionário público, que gradualmente vai perdendo sua sanidade mental. Através dos relatos em seu suposto diário, fica clara a progressiva desconexão desse ‘homem comum’ com a realidade.

Foto Priscila Prade

Serviço na Sessão Tijolinho Rio de Janeiro

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