O espetáculo João por um Fio, foi convidado para participar da Edição Especial da Mostra A Tua Arte, no Instituto Atuarte, nos dias 17 e 18.11.23 às 15h e 19h; e para encerrar o 45º FESTE, ambos os projetos foram os responsáveis em trazer pela primeira vez aos palcos de Pindamonhangaba o multiartista teuto-ítalo-franco-luso-brasileiro Ricardo Schöpke e com a sua montagem inédita do João por um Fio, em formato europeu.

Graças à iniciativa da Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba, da Fundação GDA de Portugal, da Herica Veryano Produções e do Instituto Atuarte; a Boto-Vermelho I Alemanha_Brasil_Portugal_Uruguai e a Ações & Conexões Associação Cultural de Portugal apresentam como convidado o espetáculo João por um Fio, do Nobel de Literatura Infantojuvenil- Prêmio Hans Christian Andersen Roger Mello. A peça, que será apresentada no domingo, dia 19.11.23 às 20h, e irá encerrar o 45º FESTE- Festival Nacional de Teatro de Pindamonhangaba, é um solo do ator, encenador, acrobata e bailarino Ricardo Schöpke; onde o mesmo vive 08 personagens.

Para contar a história de João, um menino que tem a Síndrome de Asperger, Schöpke utiliza diversas multilinguagens no espetáculo: teatro físico, dança contemporânea, acrobacia de solo, cama elástica, acrobacia aérea, projeções em vídeo onde interpreta 05 personagens que contracenarão com o menino João – cinco jornalistas de diferentes partes do mundo: Angola, França, Alemanha, Inglaterra e Japão -, teatro de sombras, e manipulação de corpo (boneca cênica híbrida de sua avó Chola, em tamanho natural na técnica da russa Natacha Belova). A peça conta ainda com uma instalação sonora do músico e pesquisador de sonoridades Daniel Belquer, que concebeu uma trilha polifônica, e criou um software inédito para a encenação, que é executado de acordo com o andamento de todo o espetáculo.

Todos os gestos, partituras e ações são pontuadas por intervenções sonoras contínuas e ininterruptas. A direção de arte e cenografia é idealizada também por Schöpke, que concebeu um espaço mágico e fantástico, inspirado na latinidade das indígenas bolivianas (Cholas) e a Escola Bauhaus, através do escultor e pintor alemão Oskar Schlemmer. Um cubo de elásticos, onde uma trama de fios entrecruzados atravessa a cena e dá forma a diversos mundos imaginários, painéis de tecido com os desenhos feitos à mão pelo premiadíssimo ilustrador Roger Mello para o livro homônimo, um ambiente de rendeira original das renderias de Santa Catarina/Brasil e uma Cama multifuncional antiga com mosquiteiro. A direção de movimento é de Esther Weitzman e da premiada Sueli Guerra; que foi responsável também pela preparação corporal. A preparação circense é de Roberto Silva (primeiro artista circense brasileiro a se apresentar no Cirque de Soleil). A direção de animação está a cargo do premiadíssimo artista Márcio Nascimento (Cia Artesanal e Pequod).

O espetáculo João Por Um Fio foi encenado pela primeira vez no Brasil, no ano de 2011, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro – com patrocínio do Ministério da Cultura do Brasil e do Banco do Brasil, onde encheu todas as sessões em que se apresentou durante três meses, e devido à este sucesso prorrogou por mais uma semana a sua temporada. O espetáculo recebeu excelente crítica, onde foi considerado como um espetáculo diferenciado, e único, de todos aqueles que são montados na cidade do Rio de Janeiro – a maior vitrine cultural do Brasil. A Cia realizou um work in progress do espetáculo, no ano de 2016, na Freguesia de Matosinhos – no Porto/Portugal -, e teve a sua estreia oficial, em uma nova montagem europeia -financiada pela Câmara Municipal de Vila do Conde -, em novembro de 2018, no Teatro Municipal de Vila do Conde no Porto. Em seguida foi a única atracção internacional selecionada para o Festival de Teatro de Pombal, em março de 2019; teve um acolhimento no mês de abril de 2019 pelo Teatro Infantil de Lisboa- TIL e se apresentou com dez sessões do espetáculo no Projeto OEIRAS Educa, patrocinado pela Câmara Municipal de Oeiras, em abril de 2022 e janeiro de 2023.

A ação da peça se passa em uma noite de insônia, que repete-se, a seguir, sempre, todas as noites, na hora de João dormir. À noite, depois que ele se deita, os pensamentos correm soltos em seu mundo particular. Ele tem os sentidos mais apurados. Ele é diferente. Ele repete sempre os seus movimentos noturnos. João é órfão de um pescador e uma rendeira, e começa a viver nestas mesmas práticas. Um menino muito solitário e sonhador que passa sua vida ligado a fios reais e imaginários. Todos os sons e imagens de sua vida são ouvidos e vistos, ininterruptamente, e se misturam a vozes de crianças de sua escola, que o instigam, e buscam respostas para o seu jeito único de ser. Por conta disso ele sofre constantemente bullying. Entre fios da rede de pesca, fios de renda de sua mãe, fios de seus sonhos e de seus medos, ele recria aventuras com sua avó Chola, uma cama e caixa mágicas, um cubo de fios; onde vemos peixes, rios mal-assombrados e um gigante em um terremoto. João é um menino que tem a Síndrome de Asperger. Schöpke é o ator responsável pelo sensível desenvolvimento do papel desta doença investigada.

O transtorno global do desenvolvimento, a Síndrome de Asperger é identificada através de uma série de sintomas em vez de uma característica em especial. O transtorno é caracterizado por dificuldades na interação social, comportamento repetitivo- por vezes focadas de forma intensa e anormal-, restrição de atividades e interesses, havendo interesse obsessivo por um assunto ou objeto em particular, e, embora não haja atrasos no desenvolvimento da linguagem, é comum a presença de dificuldades com a comunicação social. normalmente não há reciprocidade social e emocional (suas ações podem parecer mecânicas), além da dificuldade em interpretar comportamento não verbais, como o contato visual, expressão facial ou gestos. Dessa forma, indivíduos com SA podem não ser muito receptivas às pessoas involuntariamente, mas não no mesmo nível de gravidade de outros tipos de autismo; até certo ponto, conseguem envolver-se coletivamente. Possuem sonhos, e ilusões. Quando falam de seus assuntos de interesse. Também podem estar presentes sensibilidades sensoriais (barulhos, escutar vários sons ao mesmo tempo, tecidos ou etiquetas de roupas, seletividade alimentar, sensibilidade ao toque, à luz ou olfativa, por exemplo), fala monótona, porém não são estritamente necessárias para a conclusão de um diagnóstico. As crianças são mais propensas a terem problemas de sono, como dificuldade para dormir, frequente insônia no meio da noite, terror noturno e acordar cedo.

Fotografia Luisa Peres

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