Através da história de um dos maiores ícones do cinema americano, na era de ouro de Hollywood, Gustavo Gasparani celebra 40 anos de uma carreira bem-sucedida como ator, autor, diretor e produtor, atuando como Montgomery Clift (1920-1966), no solo Como Posso Não Ser Montgomery Clift?

O espetáculo foi contemplado pelo Sesc Pulsar 2023/2024, e irá circular pelas unidades de Niterói (20/9 às 19h), São Gonçalo (21/9 às 19h), Teatro Rosinha Valença (27/9 às 20h), Barra Mansa (03/10 às 19h), Teresópolis (05/10 às 19h30), São João de Meriti (26/10 às 19h), Nova Friburgo (09/11 à definir), e Nova Iguaçu (23/11 às 19h). Ingressos a R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia), para todo o público.

A peça reflete sobre a opressão que a fama pode exercer numa pessoa pública, a ponto dela se perder de si tentando ser o que o mundo espera e acredita. Ela se passa no momento em que, exausto do assédio e pressão dos meios de comunicação e da indústria cinematográfica, Clift decide abandonar o cinema para voltar ao teatro e realizar o sonho de montar “A Gaivota”, de Tchekov. Monty, como era conhecido na intimidade, enfrenta as sequelas do acidente de carro que desfigurou seu rosto, além dos conflitos com a sua homossexualidade, a conturbada vida familiar e as relações com os colegas de profissão.

Em 2024, o espetáculo conquistou o prêmio APTR de Melhor Iluminação (Vilmar Olos), além de receber indicações para Melhor Cenografia (Natalia Lana), e Melhor Ator Protagonista (Gustavo Gasparani).

Como Posso Não Ser Montgomery Clift?, com texto do premiado dramaturgo espanhol Alberto Conejero López, inédito no Brasil, e direção de Fernando Philbert, celebra os 40 anos de carreira de Gustavo Gasparani, que atuou em mais de 70 espetáculos, fundou uma das companhias de teatro mais importantes do país – a Cia dos Atores. Escreveu e produziu musicais premiados, e recebeu 17prêmios e 27 indicações, entre os mais importantes nas artes cênicas.

É uma alegria poder comemorar os meus 40 anos de carreira em um espetáculo que  reflete sobre a condição do ator e, ainda, discute a homofobia na indústria do entretenimento. Como diz, Montgomery Clift: ‘Quando a luz se apagou, nunca mais houve outra felicidade senão aquela, a estúpida felicidade de ser outro’. Nada melhor do quer ser outro para nos libertarmos de nós mesmos, diz Gustavo Gasparani.

A peça, que vem de três bem-sucedidas temporadas (sendo uma em São Paulo e duas no Rio), insere o espectador no universo particular do ator e ícone do cinema americano Montgomery Clift (1920-1966), dividido e fraturado entre o que esperavam dele e o que realmente era. Um dos rostos mais belos de Hollywood, o galã Clift sofria por  ser obrigado a esconder sua homossexualidade e atender aos anseios de seu público.

Como muitas estrelas de sua geração, acabou entregue ao álcool e às drogas na tentativa  inútil de anestesiar seu sofrimento. A vida de Clift foi marcada por um trágico divisor de águas: um acidente de carro que desfigurou seu rosto e lhe deixou sequelas que dificultaram seu trabalho no cinema.

Se a dificuldade em lidar com a voracidade da fama, e com a própria sexualidade, criou um ambiente nocivo e tóxico em relação à profissão levando o personagem ao abismo, é a paixão por essa mesma profissão que o faz emergir de suas profundezas e continuar. Quantos homossexuais vivem esse paradoxo? Quantos se escondem para vencer na profissão? Se a trágica vida de Montgomery Clift puder fomentar a discussão sobre este tema e suscitar reflexão, teremos cumprido a nossa missão, conclui Gasparani.

Escrita a partir de fatos reais da vida do ator, o premiado texto do espanhol Alberto Conejero López, traduzido para o português por Fernando Yamamoto, apresenta o olhar ora lúcido, ora alucinado de Clift, a quem restou resgatar do naufrágio de sua existência seu bem mais preciso: o ofício de ator.

O cenário de Natália Lana traz uma grande banheira que remete a um túmulo. Refletores de diversos formatos em tripés espalhados pela cena aludem à permanente exposição do astro. Ao redor, garrafas vazias, objetos e roupas espalhados. O figurino de Marieta Spada apresenta o ator vestindo um smoking já em desalinho.

A força deste projeto esta no coração do ator. É um espetáculo construído no mergulho vertical, profundo, da construção de presente, passado e vislumbrar o possível futuro de um homem diante de seu próprio precipício, que são seus desejos mais sinceros e lutar por eles, explica o diretor, Fernando Philbert.

Fotografia Nil Caniné

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